segunda-feira, 9 de abril de 2012

Rumo à Medicina Integral

Parece que todo mundo concorda que só existe uma medicina: a que cura o paciente. E ainda que muitos não aceitem, é fato que existem diferentes formas de entender a pessoa, o diagnóstico, a doença e o tratamento: formas relacionadas com as tradições das diversas culturas, que condicionam também vários critérios ou opções médicas, todas elas válidas a partir do momento em que curam o paciente.

O critério médico ensinado nas faculdades de medicina da nossa civilização moderna, ocidental, chamado de convencional ou oficial, contempla o indivíduo parcialmente (há especialidades que tratam unicamente partes do corpo), considera o organismo como um ente passivo, atribuindo a cura à medicação administrada, e baseia fundamentalmente o tratamento na supressão dos sintomas. Esse método também é chamado de alopatia (curar com os contrários) em referência ao tratamento “contra” os sintomas (e em contraposição à homeopatia – curar com o semelhante).

As demais opções médicas à margem da medicina oficial receberam diferentes nomes no mundo todo. “Alternativa”, por ser outra possibilidade terapêutica. Este termo não é muito bem aceito por alguns, pois é excludente e não contempla o diálogo. “Holística” é uma definição que reflete a visão integral do indivíduo, do diagnóstico e do tratamento, desta opção médica, mesmo que o fato de deixar de lado algumas contribuições úteis da medicina convencional traia esta definição. “Complementar” é a palavra mais defendida atualmente, pois implica o reconhecimento de que se pode compartilhar o tratamento de um paciente com outras abordagens. As diferenças surgem quando se tenta estabelecer que critérios é prioritário e qual o complementar.

Entra as opções médicas complementares mais praticadas estão a Homeopatia, administrando em pessoas doentes doses daquelas substâncias que produziriam os sintomas dos quais padecem em um indivíduo são; a Medicina Tradicional Chinesa, que cura normalizando os canais ou polaridades energéticas do paciente através da dieta, das plantas, de exercícios (Qigong...), da aplicação de agulhas (Acupuntura)... E a Medicina Naturalista, que cura aplicando estímulos ou agentes naturais (água, ar, sol, dieta, plantas medicinais, exercícios...) que agem da mesma forma que a natureza agiria no indivíduo.

Os ponto em comum entre todas elas são a valorização global da pessoa ( não há especialidades, nem se tratam órgãos, mas indivíduos com seus problemas e emoções), a ideia da existência de uma força curativa interna no organismo (a vis natura medicatrix dos gregos, ou mecanismos de autorregulação, ou a homeostasis da fisiologia atual), que tende à cura do paciente e que se expressa através dos sintomas (eles são o esforço do corpo para normalizar suas funções e restabelecer o equilíbrio).

O médico ou profissional deve ajudar para que o organismo cumpra sua função, seja com soluções homeopáticas, agulhas de acupuntura, hidroterapia... Mas nunca deve suprimir sistematicamente os sintomas e deixar de interpretar em sua finalidade, como costuma fazer a medicina convencional ou oficial. Portanto, aqui a cura não se atribui ao medicamento ou terapia, mas ao próprio organismo do paciente, ao seu “médico interior”. O tratamento não é direcionado somente a suprimir os sintomas, pois seu objetivo é normalizar as funções naturais da pessoa e a estimular a vis natura medicatrix, ou seja, a capacidade natural de reagir e recuperar o equilíbrio, que todos temos.

Diferentes terapias

Cada um desses critérios médicos utiliza diferentes remédios ou terapias que frequentemente são comuns, mas utilizados de formas diversas. Por exemplo, a dieta presente da Medicina Naturalista e na Medicina Tradicional Chinesa é regida por padrões distintos em cada um dos casos. O mesmo ocorre com o exercício, as massagens...

Atualmente estão aparecendo inúmeras novas terapias que de algum modo vão se integrando às diferentes opções médicas, segundo seu critério e modo de ação. Portanto, não devemos confundir terapias, a parte da medicina que se dedica ao tratamento, com a opção ou critério médico que engloba, além do tratamento, a concepção particular da pessoa e do mundo que a rodeia, assim como a interpretação da gênese da doença e de seu tratamento.

Contribuições da Medicina Convencional

Apesar da visão parcial do indivíduo e da frequente supressão dos sintomas – que não faz mais do que disfarçar a doença transformando processos agudos em crônicos – e da medicação altamente iatrogênica (alterações daninhas ao estado do paciente provocadas pelo médico), que soluciona um problema e gera outros; o critério da medicina convencional contribuiu de forma inegável ao progresso da saúde. Destacamos as seguintes colaborações:

  • Grandes recursos tecnológicos e avanços no diagnóstico, no tratamento e na investigação.
  • Tratamento de urgências e traumatologia para salvar o melhorar muitas vidas.
  • Tratamento de algumas doenças agudas em que a capacidade de resposta do organismo é muito débil, ou a agressão é muito forte. Por exemplo, o tratamento de meningites com antibióticos.
  • Tratamento substitutivo em algumas doenças crônicas, especialmente em insuficiências hormonais, como a insulina em diabéticos e a tiroxina em pacientes com hipotireoidismo.
Medicina Integral

Existe a opinião cada vez mais generalizada de que stamos a caminho da Medicina Integral, onde haverá um fluxo constante de conhecimentos e recursos entre os critérios médicos complementares e os critérios da medicina tradicional, com o objetivo de trabalhar conjuntamente pelo bem do paciente.

Neste intercâmbio a Medicina Complementar apontaria a valorização da prevenção, da visão e tratamento globais, sem prejudicar o paciente com remédios agressivos, e da atribuição de responsabilidade ao próprio enfermo por sua saúde... A medicina convencional entraria, principalmente, com os avanços tecnológicos e sua farmacologia, que tem sua utilidade naquelas situações em que as medidas anteriores não são suficientes.

Podemos definir Medicina Integral como “o conhecimento e a arte de utilizar e interagir todos os critérios e recursos que estão ao nossa alcance, selecionando os mais adequados em cada caso, para ajudar a prevenir as doenças, recuperar a saúde quando se perdeu e mantê-la quando a recuperamos, evitando acima de tudo prejudicar o paciente”.

Fonte: Pedro Ródenas – médico naturalista

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