segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre a Medicina Tradicional Chinesa

As origens da MTC remontam à pré-história, no período chamado de “Nova Idade da Pedra” (10.000 a 3.000 a.c.), quando pedras redondas aquecidas eram comprimidas à pontos dolorosos do corpo. As primeiras agulhas de acupuntura encontradas em escavações, feitas de pedra e lascas de bambu e usadas para aliviar dores e curar doenças através da estimulação do sistema nervoso datam de aproximadamente 4000 a.c. (FOREIGN LANGUAGES PRESS, 2008). Mais tarde, foram substituídas por agulhas de metal, durante a “Idade Clássica do Bronze na China” da Dinastia Shang (1523-1027 a.c.), e toda uma gama de métodos terapêuticos foi desenvolvida com o passar do tempo.

O desenvolvimento da MTC foi, inicialmente, impulsionado por dois imperadores: Fu Hsi, grande estudioso da astronomia e matemática e legendário criador do Pa Kua ou oito trigramas que deram origem ao livro do Yi Jing (I-Ching), o Livro das Mutações, cuja datação remonta ao século 11 a.c.; e Huang Di, o lendário Imperador Amarelo que, juntamente com seu ministro Qi Bo, escreveu o Huang Di Nei Jing ou “Cânone da Medicina Interna”. O Nei Jing, cuja primeira publicação data de 225 a.c., assume fundamental Importância na MTC, pois foi a primeira organização de tudo o que se sabia em Medicina até aquele momento, incluindo as teorias de Jing Luo, Yin-Yang e Cinco Elementos em suas aplicações clinicas, além de designar a natureza e os tipos de Qi, funções e desarmonias dos Zang Fu e, ainda, diferenciação das síndromes de acordo com os 8 Princípios e a localização dos primeiros 160 pontos de acupuntura e seus nomes, funções e aplicações. É atribuída a Huang Di também o primeiro compêndio fitoterápico da história da MTC (FOREIGN LANGUAGES PRESS, 2008).

Em seu início, a MTC se associava à religião e as doenças eram atribuídas a demônios que invadiam o corpo e roubavam seu equilíbrio. A partir do Período Médio da Dinastia Zhou (772 – 480 a.c.), época em que surgiu o Confucionismo, a Medicina começou a se tornar cada vez mais baseada na observação dos eventos naturais e da causa e efeito na geração e manutenção dos estados de doença e saúde. No final da Dinastia Zhou, no período conhecido como “Estados Combatentes” (480 – 221 a.c.), surgiu o Taoísmo e a Doutrina dos Cinco Elementos; foi quando a Medicina começou a se desenvolver como instituição. No “Período de Desunião” (220 – 589 d.c.) chegaram à China as primeiras influências Budistas, que contribuíram com o estabelecimento da importância do aspecto mental-emocional na manutenção da saúde e da doença.

Assim, o Confucionismo, o Taoísmo e o Budismo são os três grandes pilares sobre os quais se apóia toda a MTC. A percepção dos fenômenos de causa e efeito do Confucionismo, a necessidade de manter-se a harmonia entre o homem e o mundo e a definição do caminho do meio como o caminho da felicidade do Taoísmo e a influência do Budismo nos aspectos psicológicos e mentais marcam a MTC como uma prática médica que considera o ser humano como um todo holístico e indivisível, cujos aspectos físicos e mentais não se separam em momento nenhum e que a causa das doenças está sempre associada a estagnações de energia – seja no campo físico, seja no mental-emocional.

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