segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Oetzi – O Homem do Gelo

Acupuntura na Era do Gelo?

No ano de 1991, o mundo científico sofreu um grande abalo com o advento da descoberta de um grupo de esquiadores que se depararam com uma criatura assustadora encravada no gelo e na neve. Esta criatura foi retirada do gelo por especialistas e através de diversos estudos, estes especialistas puderam identificar esta criatura como sendo um homem que teria vivido cerca de 5.200 anos atrás, seu corpo fora mumificado pela baixíssima temperatura e se tornou a múmia mais antiga e melhor preservada de toda a Europa. Esta múmia foi posteriormente denominada Oetzi, porém desde então ficou mais conhecida mundialmente como sendo o Homem do Gelo. O Homem do Gelo foi chamado de Oetzi com relação ao vale Otz onde ele foi encontrado, na região de fronteira entre os países da Áustria e da Itália. O corpo da múmia ficou impressionantemente bem preservado, da mesma forma que suas roupas, ferramentas e armas, o que possibilitou diversos estudos e descobertas sobre o modo de vida deste homem em sua época.

Nos últimos dez anos, cientistas têm examinado completa e minuciosamente todos os restos da múmia, aprendendo muito sobre a vida diária dos antigos habitantes do continente da Europa. Com relação aos nosso estudos da Medicina Chinesa de modo geral e da Acupuntura de modo mais específico, temos que uma das mais impressionantes descobertas no  corpo do Homem do Gelo foi um total de quarenta e sete marcas pelo corpo, que indicavam um complexo sistema de tatuagens, formado por quinze grupos, estando localizadas ao longo das costas, joelho direito e tornozelo esquerdo de Oetzi.

Enquanto que a maioria das tatuagens feitas nas pessoas atualmente e até mesmo na antigüidade, são de natureza puramente ornamental e estética, as tatuagens encontradas no corpo de Oetzi estavam dispostas em forma de simples listas ou cruzes em locais bem determinados. Estas tatuagens também foram encontradas em locais que normalmente estariam cobertos por pêlos ou roupas, descartando a possibilidade de serem tatuagens feitas para serem vistas como ornamentos. A partir do fato de que outros tipos de tatuagens de caráter não ornamental já haviam sido previamente encontradas em locais similares em múmias encontradas na região da Sibéria e da América do Sul, alguns pesquisadores especularam que as linhas e cruzes no corpo de Oetzi possuíam uma importância ou relevância terapêutica.

Se é que existe algum, qual significado possuíam estas tatuagens descartando o caráter ornamental?

Um grupo de cientistas da Universidade de Graz na Áustria iniciaram uma tentativa de responder esta questão teorizando uma possível relação entre as tatuagens no corpo de Oetzi e os pontos tradicionais de acupuntura, como indicados pela tradição chinesa.Os achados destes cientistas, que foram primeiramente publicados no The Lancet em 1999 e atualizados na Discovery magazine no início de 2000, apontavam no sentido de que a acupuntura, ou pelo menos um sistema de tratamento acupuntural similar a este, poderia ter sido empregada na Europa central bem mais que 2.000 anos antes que se acreditava previamente.


Esta teoria pode vir a causar um certo incomodo perante a maioria das pessoas, pois, até então, acreditava-se que a acupuntura teria sido originada na China há cerca de 3.000 ou 4.000 anos atrás.

Porém graças a Oetzi, alguns cientistas acreditam que a acupuntura ou, pelo menos, um tipo pré histórico te tratamento acupuntural, já era praticado há cerca de 5.200 anos atrás, o que seria muito tempo antes do que se acreditava na China.

O time de cientistas pesquisadores que estudaram as diversas tatuagens no corpo do Homem do Gelo, era liderado pelos doutores Leopold Dorfer e Max Moser, e primeiramente tiveram que calcular o cun (polegada proporcional a cada pessoa) da múmia através de medidas do fêmur, tíbia e rádio. Eles então converteram as medidas das tatuagens em cun e sobrepuseram as localizações das tatuagens em representações topográficas dos pontos chineses de acupuntura.


Os cientistas responsáveis pelas pesquisas convidaram então acupunturistas experientes de três sociedades de acupuntura, para que examinassem então as localizações das tatuagens e relacionassem estas com os pontos tradicionais de acupuntura. Na opinião destes acupunturistas, nove das quinze tatuagens poderiam ser identificadas como estando localizadas diretamente sobre pontos tradicionais de acupuntura ou no máximo a seis milímetros destes. Além destas nove tatuagens, duas outras mais foram localizadas no trajeto de um Canal Principal. Uma tatuagem foi considerada como tendo sido empregada como ponto local de tratamento. E as três tatuagens restantes estavam situadas entre seis e treze milímetros de distância dos pontos tradicional de acupuntura mais próximo.

Os cientistas concluíram seus relatórios dizendo que as localizações das tatuagens são similares aos pontos tradicionais de acupuntura empregados para estados patológicos específicos na acupuntura da Medicina Chinesa e tratamento acupuntural moderno de modo geral. Esta afirmação sugere a possibilidade da acupuntura ter sido na verdade originada no continente europeu há pelo menos 2.000 anos antes que se havia previamente reconhecido.

Através dos diversos estudos realizados historicamente em diversas múmias podemos acreditar que muitas culturas pelo mundo todo praticavam uma forma de terapia com perfurações pelo corpo desde a época em que Oetzi estava vivo, porém apenas os antigos terapeutas chineses formalizaram e conseguiram guardar todos estes conhecimentos que passaram de geração em geração até os dias atuais, com pequenas percas no decorrer dos tempos.

Para finalizar e após as diversas pesquisas realizadas no mundo todo, podemos acreditar que parece ser muito provável que a acupuntura ou ao menos algo parecido, tenha surgido simultaneamente em diferentes tipos de cultura pelo mundo, indicando que populações pré históricas podem ter tido um profundo, e possivelmente intuitivo, conhecimento sobre o corpo humano.


Fonte original: Ice Age Acupuncture? Study of Mummified Body Raises Questions about Practice’s Origin. Acupuncture Today. June, 2000.

Nenhum comentário:

Postar um comentário